Japão: o país onde completar 100 anos virou rotina

No Japão, viver um século já não é um feito raro — é quase um costume nacional. Em 2025, o país registrou 99.763 pessoas com 100 anos ou mais, batendo recordes pelo 55º ano consecutivo. E um detalhe chama atenção: a maioria esmagadora, cerca de 88%, são mulheres.

Entre elas está Shigeko Kagawa, de 114 anos, a mulher mais velha do Japão. Famosa por carregar a tocha olímpica aos 109, ela atribui sua vitalidade a uma rotina simples: horários regulares e refeições leves e equilibradas.

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Mas o segredo da longevidade japonesa vai muito além da genética. Ele está no prato e no estilo de vida. Os japoneses comem menos, mas melhor: peixes, legumes, verduras e alimentos fermentados são presença diária. Quase não há espaço para ultraprocessados ou excesso de carne vermelha. O resultado é visível — baixa obesidade, menos doenças cardíacas e uma vida mais longa e ativa.

A cultura de movimento também conta. Muitos idosos caminham, usam transporte público e praticam o tradicional rádio-taisô, uma ginástica matinal transmitida desde 1928. Poucos minutos por dia que, somados, viram décadas de bem-estar.

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E há um laboratório vivo dessa longevidade: Okinawa. A região abriga o famoso Okinawa Centenarian Study, que há meio século estuda pessoas que ultrapassaram os 100 anos. Lá, a receita é simples e eficaz — comer até 80% da saciedade (hara hachi bu), manter vínculos sociais fortes e ter um propósito claro de vida.

As mulheres japonesas se destacam ainda mais. Fumam menos, cuidam mais da alimentação, fazem check-ups regularmente e cultivam redes de apoio entre vizinhas e amigas. Pequenas atitudes que, somadas, fazem diferença — e mostram que viver muito pode ser também viver bem.

O respeito aos idosos está tão enraizado que o Japão tem até um feriado nacional dedicado à longevidade: o Dia do Idoso. Nesse dia, o governo celebra oficialmente cada novo centenário, reforçando uma cultura que valoriza a experiência e a contribuição de quem envelhece.

Mas há um desafio no horizonte: enquanto o número de centenários cresce, nascem cada vez menos bebês. É o chamado “paradoxo da vitória” — viver mais, mas com uma população jovem cada vez menor. O país aposta em tecnologia, políticas públicas e cuidado domiciliar para manter os idosos ativos e integrados à sociedade.

No fim das contas, o segredo japonês é uma soma de constância, simplicidade e equilíbrio.
Pequenas escolhas diárias que, repetidas por décadas, fazem toda a diferença.






Revista de opinião e entretenimento, sobre temas relacionados ao equilíbrio entre mente corpo e espiritualidade.