Por: JCS

Clássico de Machado de Assis em inglês, com nova tradução, esgota em um dia nos EUA

O conhecidíssimo autor brasileiro Machado de Assis tem feito muito sucesso nos Estados Unidos. A editora Penguin lançou para os americanos, em 02 de junho, uma novíssima tradução de sua obra de 1881 – Memórias Póstumas de Brás Cubas (The Posthumous Memoirs of Brás Cubas). Flora Thomsom-Deveaux, pesquisadora, entregou o projeto da nova versão em inglês da preciosidade literária do brasileiro.

Mesmo com a nação completamente agitada pelas manifestações antirracistas, a Amazon e a Livraria Barnes & Nobre, o livro se esgotou completamente em um único dia, tanto que na sexta-feira, 5, os estoques estavam totalmente zerados. Este livro na Amazon, é o mais vendido que figura na categoria “Ficção Latino-americana e caribenha”.

Flora Thomsom, que traduziu o texto, disse em seu Twitter que: em 2 de junho, o país passava pelo sétimo dia de protestos violentos contra o racismo depois do assassinato de George Floyd, negro morto covardemente pela polícia de Minneapolis, Estados Unidos. Olhe o que ela escreveu:

“Estou ciente de que não é o momento de celebrar o lançamento de um livro, mas eu não teria dedicado anos da minha vida para traduzir este aqui se eu não estivesse convencida de que é uma obra para todas as eras”.

Qual a razão de tamanho sucesso do livro, a hipótese mais provável é que Machado de Assis era um escritor negro – assim, o lançamento de seu clássico em inglês ficou muito mais simbólico. Inclusive em junho de 2019, uma ação histórica entre várias editoras “corrigiu a cor da pele do autor”, muitas gerações foram ensinadas que a cor da pele de Machado de Assis era “branca”, assim, o autor das consagradas preciosidades literárias: Dom Casmurro, Quincas Borba e Memórias Póstumas de Brás Cubas, teve a correção e retratação de sua identidade negra reconhecida e autenticada publicamente.

Por isto, uma grande justiça foi feita ao autor, sendo comunicada a todos a real cor negra de sua pele, talvez este tenha sido um dos fatores que o levaram a ter tanto sucesso entre os americanos.

“Este livro é uma obra de seu tempo, mas, de muitas formas, para crédito de Machado e descrédito de nós mesmos, também fala sobre a nossa realidade. Existem ecos — troque a febre amarela pela covid-19 — e há a continuidade — racismo sistêmico, tão pungente hoje quanto em 1880”, postou a tradutora em seu tuíte.

Um dia após o lançamento do livro em terras americanas, a revista americana The new Yorker se referiu à obra de Machado de Assis como “uma das mais inteligentes, mais brincalhonas, e portanto, um dos livros mais vivos e sem idade já escritos”, comentário que com certeza pode ter estimulado a grande venda e procura pelo livro.

Em 2018, foi lançado nos Estados Unidos a tradução dos contos completos de Machado de Assis, realizadas por Margaret Jull Costa e Robin Patterson, e assim os americanos já estavam tomando gosto pela literatura do autor em solo estrangeiro. Tanto que, na época, a revista The New Yorker escreveu: “Ele é um dos melhores autores brasileiros. Por que ele não é mais lido mundo afora?”.

Conforme Thomson-Deveaux, mesmo que o livro esteja esgotado nas grandes livrarias, ainda pode ser encomendado pelo site Bookshop.org. ( A versão para Kindle na Amazon Americana custa algo em torno de 9,00 dólares ( aproximadamente 44,00 reais na cotação atual) podendo ainda ser comprado.

Com informações: Exame
Crédito imagens: Wikipédia

 






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