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Lucas Penteado foi forçado a sair, texto de Fabrício Carpinejar

Por: Fabrício Carpinejar

Lucas Penteado não saiu do BBB, foi enxotado, foi humilhado, foi inviabilizado, foi destruído moralmente.

Quem merecia ser expulso não recebeu a punição.

Ele não demonstrou fraqueza, mas coragem, fez seu último protesto contra a intolerância negando o prêmio de 1,5 milhão que tanto queria para ajudar a mãe. O prêmio não era maior do que a sua sanidade.

Há paredões de fuzilamento acontecendo antes do paredão – e isso é altamente tóxico e inapropriado. Assim como as provas de resistência física podem ser dispensadas perante as provas ininterruptas de esgotamento emocional.

Para Lucas, o jogo da discórdia era todo dia, o paredão era todo dia, o monstro era todo dia. Não existia uma horinha de sossego.

Qualquer um perderia a personalidade com um massacre sistemático, organizado e cruel de um grande grupo. Herdaria sequelas. Entraria em parafuso. Esse ator de 24 anos, prodígio em rodas de poesia e slam, aguentou até muito tempo. Abandona a audiência com traumas e nenhuma lembrança inesquecível.

Lucas tentou lembrar de sua experiência no movimento estudantil e o consideraram vagabundo.
Tentou ser alegre e o consideraram implicante.
Tentou chorar e o consideraram dissimulado.
Tentou falar com todos, um por um, a sós, e o consideraram manipulador.
Tentou falar sozinho e sumir de perto e o consideraram louco.
Tentou se impor com as suas improvisações e o consideraram sem criatividade.
Tentou pedir desculpas e o consideraram hipócrita.
Tentou se declarar para uma colega e acabou zombado (cupido morto pela própria flecha).
Tentou ficar com um colega e o acusaram de roubar a bandeira do LGBT.
Tentou defender a raça negra e o desqualificaram como Zumbi de araque da Xepa.

Lucas nunca conseguiu ser ele, jamais, por nenhum momento. Não é o que recomendam no programa para obter sucesso: “seja você mesmo”. Mas não o permitiram aparecer, agir com liberdade, viver em paz.

No clássico A Divina Comédia, do poeta italiano Dante Alighieri, há uma inscrição na porta do inferno: “deixai a esperança, vós que entrais”. Deveria ser pendurada igual advertência na porta da residência mais vigiada do país.

Lucas perdeu a esperança em si. Roubaram a sua esperança.

Se já não aguentamos a falta de amor, o que dizer, então, do excesso de ódio apontando o dedo na cara por duas semanas?

Pena que só agora, fora da casa, ele verá que nunca esteve sofrendo sozinho. É tarde demais para uma reparação.

Veja o texto original:

Sensível Mente

Revista de opinião e entretenimento, sobre temas relacionados ao equilíbrio entre mente corpo e espiritualidade.

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